Mais uma peça a ser montada no Palco da Vida...
É um monólogo, apenas uma atriz
em cena.
Veio endereçada a mim,
li e reli, e perguntei-me?
Será que consigo representá-la?
Havia muitas páginas, algumas
delas eu queria simplesmente rasgar,
descartar, mas não era possível,
a peça ficaria incompleta.
Dia de estréia, platéia lotada,
ingressos esgotados,
e atrás das cortinas do palco, eu tremia.
Como saber se agradaria a todos?
Abrem-se as cortinas,
luzes, ação.
E lá estava eu com uma rosa
branca em uma das mãos
olhando nos olhos de cada espectador.
Fiquei surpresa ao ver que meu público
eram todas as pessoas que haviam
passado pela minha vida.
Vi rostos que tanto amei,
amigos, pessoas muito queridas,
mas haviam também pessoas,
que muito me magoaram e que eu
também magoei.
O medo dominou-me,
eu queria fugir dali,
mas algo dentro de mim,
disse-me:
"Coragem, chegastes até aqui,
nunca fugistes de nada,
encena tua peça".
E assim eu fiz, eram três atos.
Ao final,
abracei aqueles a quem amava,
pedi perdão a quem magoei,
e perdoei a quem me magoou,
e fui aplaudida de pé,
sentei e chorei,
neste palco chamado vida.